Leio em O Público:
A TAP vai enfrentar dez dias de greve total, na sequência de uma decisão tomada ontem pelo sindicato dos tripulantes. Os protestos, que visam contestar uma medida de redução de custos aplicada pela transportadora estatal (a eliminação de um tripulante por cada voo), vão ter início a partir de 18 de Junho e estender-se até 29 de Julho. Espera-se uma "adesão significativa".
Esta posição foi tomada ontem, durante uma assembleia geral do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação (Civil), agendada para discutir a intenção da TAP, que vai entrar em vigor a partir de hoje. Ricardo Andrade, da direcção do sindicato, avançou ao PÚBLICO que "foram convocados dez dias de paralisação total", mais concretamente para os dias 18, 19, 20, 25 e 26 de Junho e ainda 1, 8, 15, 22 e 29 de Julho.
O pré-aviso de greve vai ser entregue hoje à transportadora aérea estatal, como forma de protesto contra a "retirada unilateral e ilegal de um tripulante por voo, violando as cláusulas do Acordo de Empresa", referiu. A medida já tinha sido alvo de intensas negociações entre a TAP e o SNPVAC, mas a companhia de aviação nacional acabou por não ceder e, no início de Maio, emitiu uma circular, dando conta de que a redução se iria efectuar a partir de 1 de Junho (hoje).
As greves convocadas pelo sindicato, e "aprovadas pela maioria dos associados presentes", deverão ter uma "adesão significativa", acrescentou o sindicalista. "A mobilização para a assembleia geral [317 tripulantes] e o descontentamento dos trabalhadores permitem-nos concluir que será uma greve com muita adesão, como já é histórico do SNPVAC", rematou.
O sindicato, cuja nova direcção tomou posse a 25 de Maio, tinha movido uma providência cautelar para travar a redução de tripulantes, alegando ter-se tratado de uma "decisão unilateral". No entanto, o pedido foi indeferido pelo tribunal, em meados do último mês.
Empresa negoceia saídas
Recorde-se que a decisão de eliminar um elemento a bordo dos aviões se insere num plano de contenção mais abrangente, em resposta às exigências inscritas no Orçamento do Estado para 2011, que impôs às empresas públicas um corte de 15 por cento nos custos.
Isoladamente, esta medida vai permitir à TAP uma poupança de 14 milhões de euros, sendo que a empresa já admitiu que não vai conseguir respeitar a meta fixada pelo Governo. Em vez dos 320 milhões de euros de ganhos que deveria apresentar, vai ficar-se por 145 milhões, já que não contabilizou algumas despesas como a factura com combustível ou a locação de aviões.
No entanto, se estas greves avançarem, a poupança ficará completamente diluída nos prejuízos a acarretar com os protestos agendados pelos tripulantes. Tendo em conta as receitas anuais da empresa, conclui-se que, a cada dia de paralisação total, perde mais de cinco milhões de euros. E, à semelhança dos pilotos, estes trabalhadores, pelas funções que ocupam, poderão deixar muitos aviões e passageiros em terra.
Ontem, a TAP confirmou ao PÚBLICO a intenção de avançar com a medida a partir de hoje, acrescentando que, à redução de um tripulante por voo, se vai seguir um programa que levará à saída de alguns trabalhadores. A ideia é negociar rescisões amigáveis e pré-reformas com "cerca de uma centena" de pessoas que ocupam actualmente lugares nas tripulações.
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