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Mais uma bomba: Moody’s cortou rating de Portugal e classificou-o ao nível de "lixo"

Posted: 5 de jul. de 2011 | Publicada por por AMC | Etiquetas: , , ,

Mais uma bomba: o “crescente risco” de que Portugal tenha de pedir um segundo empréstimo antes de regressar aos mercados e a crescente possibilidade de uma renegociação da dívida levaram a agência de rating Moody’s a descer a nota de Portugal para um nível considerado junk (lixo).

A notícia:

Em comunicado, a agência revela que decidiu reduzir o rating de Baa1 para Ba2, concluindo assim o processo de revisão iniciado a 5 de Abril. A perspectiva mantém-se negativa, o que indica que pode haver novas revisões em baixa do rating no curto prazo. De acordo a agência, a revisão em baixa justifica-se com “o risco crescente de que Portugal precise de uma segunda ronda de financiamento antes de poder regressar ao mercado privado” e com “a crescente possibilidade de a participação do sector privado ser requerida como pré-condição”, à semelhança do que se está a tentar na Grécia.
Segundo a agência, é cada vez mais provável que Portugal não seja capaz de ir buscar dinheiro aos mercados a taxas sustentáveis no segundo semestre de 2013 e até mesmo durante algum tempo depois. Isto obrigaria o país a ter de pedir mais dinheiro à UE e ao FMI, tal como aconteceu com a Grécia. E, pior ainda, esta nova ronda de ajuda poderá envolver a participação de investidores privados – ou seja, uma espécie de renegociação da dívida, sobretudo se este for, como parece ser, a solução a seguir no caso grego.
A isso junta-se ainda o receio de que Portugal não seja capaz de cumprir integralmente com as metas de redução do défice e da dívida, acordadas com a União Europeia (UE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI). É que, segundo a Moody’s, o país enfrenta “desafios enormes para reduzir a despesa, aumentar os níveis de cobrança de impostos, alcançar crescimento económico e apoiar o sistema bancário”.
Para a Moody’s, o Governo poderá ter dificuldade em ser bem sucedido nos seus planos de contenção de despesa, sobretudo em sectores como a saúde, empresas públicas e nas autarquias. A isso junta-se a dificuldade de aumentar a taxa de cobrança fiscal (e assim gerar mais receitas) dentro dos prazos previstos.
A agravar o cenário, “o crescimento económico poderá ser mais fraco do que o esperado, o que irá comprometer as metas de redução do défice” e há “uma possibilidade não negligenciável de que o sector bancário possa necessitar de ajuda para além daquela que está prevista no acordo com a UE e o FMI”. 

O Governo português já reagiu: atribui a descida do rating português pela agência Moody’s ao «ambiente adverso» da crise da dívida e às «vulnerabilidades» da economia portuguesa e defende-se das observações da agência de notação financeira com o «amplo consenso político» que suporta a execução das medidas de ajustamento orçamental acordadas com a troika.

Contestação e argumentos: aqui.

Os partidos na oposição também já reagiram:


(...)

O ataque a Portugal sucede-se quase de imediato ao que as agências de rating fizeram à Grécia e que, inclusivamente, coloca em risco o último -  tão conturbado e suado - pacote de empréstimo financeiro: o tal que urgia para impedir a bancarrota.
De uma penada, a Moody's reduz a pó e a nada semanas e semanas de reuniões, discussões e negociações entre instâncias e Estados membro, horas de sufoco e debate no Parlamento grego em meio ao desespero do povo a berrar lá fora a sua aflição.
Esta leviana facilidade devia, clamam alguns avisados há já demasiado tempo, ser suficiente para fazer pensar e reajustar a imperiosa necessidade de agir/reagir. Mas não. A Europa prefere sentar-se a degustar interminavelmente um tempo perdido que não tem, insistindo em continuar a ignorar o previsível: que quando, enfim, se levanta da mesa e arreda as cadeiras, basta um sopro de vento na boca do estômago, vindo das janelas que teima em deixar escancaradas, para se ver forçada a vomitar todas as vitaminas que andou a remoer. Segue, por conseguinte, carente de cálcio e efectivos nutrientes que lhe previnam o avanço da osteoporose, o esqueleto cada vez mais carcomido e incapaz de a suster de pé sob o seu próprio peso, a carcaça cada vez mais esventrada de miolo que lhe garanta substância e subsistência.
A ameaça à zona euro através do ataque às economias periféricas e às dívidas soberanas dos seus Estados membro está aos olhos de quem queira ver. O cessar fogo não é para abandonar tão cedo.
É pura ilusão pensar que os planos de austeridade colocados em prática vão adiantar de alguma coisa, se a decisão das agências de rating continuar a ser o extermínio das nações e ninguém lhe segurar de vez o punho.
Portugal bem pode cumprir todos os requisitos do acordo assinado com a troika, bem pode seguir à risca as instruções europeias, bem pode até somar-lhe mais uma boa dose de medidas adicionais que vão além da pesada receita que lhe foi prescrita por terceiros. Se as agências de rating quiserem e a Europa e Mundo nada fizerem que lhes trave a impunidade, afunda-se da mesma maneira e nem os mais bárbaros sacrifícios a que os portugueses forem sujeitos servirão para o evitar.
Só na cabeça de Passos Coelho e outros que tal cabe a ilusão de que vale a pena continuar a repetir que "Portugal não é a Grécia". O anterior Governo Sócrates também pegou nesse megafone e vê-se de que adiantou: nada. Pois não: "Portugal não é a Grécia". Há até quem defenda que é pior. Espanha, Itália e Reino Unido também não se têm cansado de lembrar que não são Portugal e veja-se do que lhes serve. Nem a França escapa. Ou os EUA, que não pertencem à UE.

Basta as agências de rating quererem e, mesmo não sendo nem querendo ser, qualquer país passa a ser "igual à Grécia" e ponto parágrafo. Querem cá saber do imposto extraordinário sobre o subsídio de Natal. Querem cá saber dos resultados das eleições de 5 de Junho. Querem cá saber do "consenso alargado" que compromete PSD, CDS e PS. Portugal está debaixo de fogo e pronto. Como está a Grécia e todas as economias colocadas na mira do xadrez dos mercados e para as quais existem ou estão para definir estratégias de abalroamento, corso e saque.

[ACTUALIZAÇÃO]

Cf. também:

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