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Primeiro encontro oficial entre Passos Coelho e Seguro

Posted: 1 de ago. de 2011 | Publicada por por AMC | Etiquetas: , ,

Primeiro-Ministro Pedro Passos Coelho recebe o secretário-geral do PS António José Seguro na Residência Oficial. foto: Vítor Pires

por José Lemos Esteves

1. Passos Coelho receberá hoje o líder recém-eleito do PS, António José Seguro. É o primeiro encontro entre o Primeiro-ministro e o líder da oposição - dois amigos de longa data, amizade essa apadrinhada por Miguel Relvas, como já explicámos . Podemos, pois, afirmar que o país político é dominado por uma comunidade de amigos - o que é positivo para Portuga; péssimo para o Partido Socialista. Porquê? É simples e evidente: é bom para o país, porque permite uma concertação de esforços entre os diversos intervenientes políticos para aplicar as difíceis medidas de austeridade, evitando um confronto social com dimensões bem superiores. Por outro lado, péssimo para o PS, porquanto o partido do centro-esquerda é atualmente um desaparecido em combate político, sem garra, sem dinâmica. E numa crise de personalidade política sem precedentes: o PS não sabe o que é, que ideologia advoga, para onde quer ir, muito menos que direção política seguir. Já aqui escrevi que a missão de António José Seguro assemelha-se com a de Luís Marques Mendes no pós-santanismo: contudo, devo acrescentar que hoje considero que a missão do socialista é muito mais complicada. Situar o PS no centro-esquerda, agradando aos desiludidos com José Sócrates e, simultaneamente, cumprir o memorando de entendimento assinado com a troika - eis uma verdadeira missão impossível política. E nem o Tom Cruise se safava desta...
2. Posto isto, quais serão os temas abordados no encontro entre Passos Coelho e António José Seguro? Na minha opinião, serão, essencialmente, três:
a) Passos Coelho irá questionar Seguro sobre qual será o papel do PS na estratégia de recuperação nacional. De facto, Passos irá confrontar José António Seguro com a assinatura do memorando com a troika, alegando que os partidos, enquanto realidades institucionais, permanecem, devendo honrar os seus compromissos, independentemente dos líderes conjunturais. José Seguro, por seu turno, assegurará que o PS colocará sempre o interesse nacional acima dos interesses partidários - mas não abdicará dos seus princípios e valores. A estratégia socilaista será definida pelo partido, sem condicionamentos do governo ou do PSD. No fundo, Passos coelho pretenderá saber até onde o PS pensa ir no auxílio ao governo, bem como qual será o tom de António José Seguro na oposição. Mais conciliador ou mais conflitual? E, claro, que o desvio colossal que o PS deixou, nas palavras de Passos Coelho, estará em cima da mesa...
b) António José Seguro vai querer saber as medidas de austeridade suplementares que Passos Coelho já tem preparadas. Para quê? Para definir o posicionamento político do PS nos próximos tempos, tentando condicionar o governo pelo lado social. O PSD vai apresentar uma medida que , provavelmente, afetará direitos dos cidadãos -  e o PS concordará, mas não na sua totalidade. Seguro arranjará sempre detalhes para entreter os portugueses. Só para dizer que faz oposição. Ou seja, a discussão política em Portugal vai centrar-se em detalhes, pormenores, peanuts!
c) Finalmente, a questão das secretas e da fuga de informações estará obviamente presente. Passos Coelho não gostou da referência que António José Seguro fez no último debate parlamentar sobre o assunto - e, segundo apurámos, já houve contactos entre colaboradores próximos de ambos para o afastar da agenda mediática. E vai uma aposta que António José Seguro vai abandonar o tema dos espiões? É que o Partido Socialista está com a cabeça (bem) metida na polémica - portanto, não lhe interessa apurar propriamente a veracidade dos factos. E há gente importante do aparelho do PS que prefere que fique tudo muito, muito silenciado. Muito, muito escuro...
3. Em conclusão, António José Seguro é um líder a prazo. As circunstâncias políticas não lhe são favoráveis. Um seu apoiante dizia há poucos dias que o aparelho só o apoiou por conveniência - nunca por convicção. Será, pois, o aparelho socialista a tirar o tapete a Seguro. Com toda a Segur...ança!

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