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Saber cuidar ou saber lucrar?

por Geraldinho Vieira*

“Quando vejo um problema, a solução que me surge é sempre em forma de negócio... Um negócio é sempre a maneira mais eficiente de resolver um problema”.
A afirmação é de Muhammad Yunus, o Prêmio Nobel da Paz (2006) que criou o chamado “Banco dos Pobres”, ou Grameen Bank, em Bangladesh. Não vem de uma conferência nova: foi feita em novembro, em Bruxelas, à convite da Comissão Européia para uma platéia de governantes e empreendedores sociais, mas é uma provocação de tirar o chapéu e dura apenas 15 minutos. Está no Youtube.
Yunus é figurinha carimbada, no melhor dos sentidos: fala aqui e ali, não se recusa aos principais eventos globais apesar de uma agenda maluca. Depois de criar nada menos que 50 empresas (calçados, yogurtes..) sem qualquer benefício pessoal e nas quais o lucro não é o objetivo mas sim o acesso dos mais pobres a bens e serviços, Yunus faz nesta breve conferência uma convocação aos empresários e aos homens e mulheres no poder.
Mais ou menos com as seguintes palavras, ele dá a receita do negócio: “Chamem os jovens para participar do re-desenho do futuro global, eles sabem direcionar as novas tecnologias para o bem comum e não apenas para o lucro egoísta”.
Se você e sua equiipe de trabalho falam inglês, sugiro ouvirem juntos. Aí está o link:
http://webcast.ec.europa.eu/eutv/portal/markt/_v_fl_300_en/player/index_player.html?id=13284&pId=13280&userlocale=en
Você e seu time ouvirão de Yunus que não há muitas crises, aqui e ali, neste e naquele setor, mas uma só crise que se manifesta em diversas frentes. Esta crise – afirma “o banqueiro dos pobres” - nos impele a perceber (ou à necessidade de perceber) o nosso papel como Ser Humano, papel que não é unidimensional, que não pode nos limitar a ser máquinas de fazer dinheiro, porque o Ser Humano não cabe na visão pequena dos economistas para quem tudo é apenas ter e acumular.
Para Yunus, o “novo negócio” nasce para resolver problemas, e só obterá êxito se realizado sem o egoismo do auto-centramento, do benefício próprio em primeiro lugar.
A nova civilização que (desejamos) vai nascendo, será a civilização onde o bem maior será saber “cuidar” e não saber lucrar. Se cuida ! E cuida bem de todos!

* é jornalista e foi Diretor de Comunicação da Fundação AVINA (2005/2008), organização sem fins de lucros fundada em 1994 pelo empresário suíço Stephan Schmidheiny e que apoia líderes sociais em suas iniciativas para o desenvolvimento sustentável na América Latina. É vice-presidente da ANDI ­ Agência de Notícias dos Direitos da Infância, da qual foi Diretor Executivo no período de 1996 a Julho de 2002. É membro do Conselho Curador do Prémio Iberoamericano de Periodismo e professor da FNPI - Fundación Para un Nuevo Periodismo Iberoamericano (entidade com sede na Colômbia e presidida pelo Prémio Nobel de Literatura Gabriel García Márquez).

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