via BandNews
Dois apagões seguidos em Manaus deixam sem luz 1 milhão e 800 mil moradores, entre o Domingo de ontem e esta Segunda-feira. A coisa prolongou-se pela madrugada e a população já leva mais de sete horas sem energia eléctrica.
[EM ACTUALIZAÇÃO – 2ª Feira]
Início de semana caótico
O drama de ontem transformou-se num pesadelo agravado, especialmente para quem precisa de se deslocar: Manaus está praticamente intransitável! O trânsito ficou bloqueado em várias ruas porque os semáforos não possuem baterias, e com a falta de energia estão sem funcionar.
A assessoria de imprensa da Eletrobrás Amazonas Energia, afirmou que as causas da interrupção elétrica em Manaus, ainda são desconhecidas pela empresa, mas, que o restabelecimento completo da energia deve acontecer em uma hora.
Agora também falta água!
As interrupções no fornecimento de energia elétrica também comprometeram o abastecimento de água em boa parte da cidade, como os bairros Planalto e Redenção, ambos na Zona Oeste da cidade e Nova Cidade, na Zona Norte. A Águas do Amazonas confirmou as interrupções no abastecimento, salientando que o apagão verificado ontem afectou o Complexo de Produção da Ponta do Ismael, localizado no bairro Compensa, responsável por mais de 80% do fornecimento de água a toda cidade. Uma vez que todo o sistema de abastecimento depende directamente de energia eléctrica a situação só ficará normalizada pelo anoitecer.
Colectiva de imprensa: explicações e promessas
Talvez para não incorrer em erros anteriores que têm custado caro à Amazonas Energia, Tarcisio Rosa, director de Geração, Transmissão e Operação veio esta tarde dar uma colectiva de imprensa sobre o assunto.
Segundo explicou, a causa do problema reside num curto-circuito devido ao rompimento dos separadores eléctricos, que actuam como isoladores de fios de alta tensão nas linhas de transmissão de energia que cercam a cidade. Como os cabos que entraram em curto-circuito estão localizados na mesma estrutura que ontem colapsou, as evidencias apontam para que o apagão de hoje seja consequência do que ocorreu ontem.
O incidente atingiu tamanhas proporções porque a transmissão eléctrica entre Manaus, Iranduba e Presidente Figueiredo – ainda segundo Tarcisio Rosa – é realizada em forma de cadeia, o que «faz com que todas as subestações sejam afectadas». Acresce que «quando o funcionamento dessas subestações é interrompido é necessário um tempo para o serviço ser reactivado, já que são ligadas uma a uma de forma gradativa», explicou.
Este tipo de sistema de transmissão é considerado precário para a quantidade de habitantes dos três municípios, que já ronda os dois milhões. O presidente admitiu que «o nosso sistema está pequeno demais para atender a cidade» e garantiu que «a empresa está investindo no crescimento». Segundo ele, em 2010 foram investidos cerca de R$ 700 milhões, acrescentados de outro R$ 1 bilhão neste ano e com previsão de mais R$ 1,5 bilhão em 2013. A verba destina-se a viabilizar o Linhão do Tucuruí que, de acordo com o presidente, irá possibilitar a distribuição e recepção de energia do Amazonas com demais Estados do país.
Segundo Tarcísio, a sua implantação deve acontecer em Junho de 2013, altura em que se prevê que o sistema fique mais forte e menos passível de falhas. «Os investimentos nesse projecto já estão sendo feitos. A empresa está trabalhando para que não ocorra mais queda de fornecimentos de energia como nos últimos dias», prometeu.
[EM ACTUALIZAÇÃO – 3ª Feira]
Desta vez, não são só os deputados que pedem indemnização para o Estado: os cidadãos também caem em cima da Amazonas Energia e exigem compensação elos transtornos e prejuízos causados pelos longos apagões dos últimos dois dias.
Segue a reportagem publicada esta Terça-feira no jornal A Crítica:
Consumidores prejudicados podem cobrar Amazonas Energia
Os consumidores prejudicados com a falta de energia em Manaus, como aconteceu nos últimos dois dias, conseguem ‘abocanhar’ de R$ 1 mil a R$ 6 mil em processos contra a Eletrobras Amazonas Energia. Na maioria dos casos os clientes que ingressaram a ação receberam a indenização em menos de três meses.
Dauton Coronin faturou R$ 1 mil. foto de Evandro Seixas
Enquanto as falhas continuarem, é bom seguir o exemplo de consumidores que foram à Justiça. Um dos casos que ganhou sentença favorável é o do advogado Dauton Coronin, que mora no Planalto, Zona Centro-Oeste. Segundo ele, há três meses todo o bairro ficou sem energia por mais de 12 horas, das 7h às 20h, o que causou um desconforto muito grande para a sua família.“Só este ano a energia já faltou oito vezes no bairro, cansei de aguentar calado. Fiz uma petição alegando danos morais, solicitando 40 salários mínimos, a juíza Naira Neila de Oliveira deu o parecer favorável e ganhei R$ 1 mil”, relatou.Segundo o consumidor o valor pode ser pouco, mas só em ver que a Justiça está sendo feita já vale a pena.“Quero que o meu caso sirva como exemplo para outras pessoas que estão sendo lesadas por essa empresa, se todos fizessem o mesmo, a Amazonas Energia pensaria melhor antes de cometer erros com a população”, desabafou Coronin.
Mais um caso
Outro processo movido contra a prestadora foi do industriário Gilson Gonçalves, 53, que morra no Japiim, Zona Sul. No caso dele a queda de energia - por conta de um raio -, danificou um aparelho de televisão.Após fazer um Boletim de Ocorrência (B.O.) e todos os tramites exigidos pela empresa, o consumidor aguardou dez dias para receber um novo aparelho, como o valor oferecido foi bem abaixo do preço do equipamento o cliente resolveu continuar com a ação na Justiça.O industriário recebeu R$ 6 mil como indenização e danos materiais.“Todos precisam saber de seus direitos e lutar por eles, eu tentei fazer tudo o que a empresa exigiu, apresentei nota fiscal, levei em duas assistências técnicas e mesmo assim, queriam me pagar um valor mínimo, não aceitei e em menos de dois meses recebi o dinheiro que merecia”, afirmou.
Prejuízo alto na indústria
Para o presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson Périco, os apagões prejudicaram “significativamente” a produção das fábricas do Polo Industrial de Manaus (PIM).Os apagões paralisaram temporariamente a produção e obrigaram as empresas a operarem por meio de geradores até o restabelecimento do sistema. As fábricas que sofreram os maiores impactos foram dos setores de injeção plástica e placas de componentes eletrônicos. Ao todo, o PIM conta com 540 empresas.Apesar de não ter como mensurar os valores do prejuízo, Períco explica que a interrupção da energia fez com que as linhas de montagem que estavam em processo fossem paralisadas por 5 a 6 segundos até o acionamento dos geradores. O pouco tempo, segundo Períco, é suficiente estragar peças que estavam em processo.“Máquinas de placas de componentes, por exemplo, são programadas em uma sequência. Quando a energia é cortada, a máquina reinicia o processo em cima daquele que já estava em andamento e acarreta em perda de produtos”, disse.Algumas empresas se mantêm por até quatro horas por meio de geradores com capacidade para 1,2 mil litros de óleo diesel.
Sem energia, água desaparece
Sem energia e sem água. Esse é reflexo causado por dois apagões no sistema de energia elétrica registrados na cidade, em menos de 24 horas, e que, além de deixar a população às escuras causou prejuízos no comércio e na indústria.Em dois dias seguidos de blecaute a população ficou sem o serviço durante 7h30. O período foi suficiente para causar inúmeros transtornos na cidade, deixar o trânsito caótico com semáforos apagados, além de obrigar empresas e hospitais e operarem apenas com geradores.O primeiro apagão ocorreu no domingo por conta do rompimento de um cabo para-raios da linha de transmissão que interliga as subestações Distrito Dois e Cachoeirinha, na Zona Sul.O sistema só começou a ser restabelecido, segundo a Eletrobrás Amazonas Energia, por volta das 7h14. No entanto, vários bairros da cidade ficaram de seis horas sem energia.Na madrugada desta segunda (19) a população voltou a ser surpreendida com o blecaute em toda a cidade. O sistema foi interrompido por volta das 4h e só voltou a ser restabelecido em alguns bairros a partir das 6h30.Apesar dos apagões terem atingido toda a cidade, as Zonas Norte e Leste foram as mais prejudicas. Até as 16h de segunda (19), moradores de bairros como a Cidade de Deus, ainda estavam sem água. Alguns tiveram que improvisar armazenando água da chuva para tomar banho e usar e lavar a louça.“Não tinha para onde correr, era falta de água e luz e sem isso ninguém vive. São dois dias nessa peleja. O jeito foi pegar a água da chuva, senão, estaria sem tomar banho até agora”, disse doméstica Maria Ribeiro, 53.Segundo o padeiro, Isac de Souza, 32, a energia foi interrompida justamente no horário de fazer os pães. Ele explicou que a produção ficou paralisada porque o forno é da padaria é elétrico.“Fazemos normalmente 60 telas de pão e hoje conseguimos fazer só 15. Quando a energia voltou o horário do café, o de melhor venda, já tinha passado", conta.A cabeleireira Rosana Oliveira, 35, amargou um prejuízo entre R$ 500 e R$ 900 só na segunda-feira. Ela tem um salão de beleza no bairro Nova Cidade e conta que tinha clientes com horários agendados e teve que cancelar os serviços porque não tem como trabalhar sem energia e água.
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