foto de Euzivaldo Queiroz |
Fechado desde para reformas desde novembro de 2006, o mercado municipal Adolpho Lisboa, o “Mercadão”, localizado no Centro de Manaus, teve até o momento 65% da obras concluídas.
De acordo com a Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf), os trabalhos ainda vão tomar 365 dias e o pagamento de R$ 8 milhões. Conforme o órgão, o valor total da obra no atual contrato é de R$ 11 milhões. No entanto, para a reforma já foram usados R$ 3,8 milhões em recursos de um convênio com a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) e outro R$ 1,2 milhão dos cofres da própria Prefeitura de Manaus.
Enquanto a prefeitura não consegue recuperar o prédio histórico, construído no período áureo da borracha e inspirado no mercado público de Paris (Les Halles), os permissionários sofrem todo tipo de problema para garantir a sobreviviência.
Eles dizem que mais um ano de atraso nas obras significaria um trauma enorme.
“Aqui não tem movimento e os que estão na parte detrás estão na pior. Nos prometeram um ano e estamos aqui desde 2007”, disse o permissionário Leônidas Bonfim, 42.
O local em que foram instalados os permissionários está situado atrás do mercado municipal e a frente dá para a rua Lourenço Braga, conhecida entre os vendedores como beira rio.
“Quando estávamos lá dentro do mercado, o movimento era melhor porque o prédio atraia muitos turistas, que compravam nossas mercadorias. Agora, dormimos sentados esperando que apareça um cliente”, disse a artesã Maria Aparecida, 40.
Para os comerciantes do Adolpho Lisboa o mercado faz parte da história pessoal de cada um deles e também dos turistas que visitam Manaus.
“Eu trabalhava com o meu pai, vendendo ervas medicinais. Quando ele faleceu, eu dei continuidade ao trabalho”, contou Carmélia Lucena, 38.
Já a turista mineira Eulália Rodham disse que não há nenhuma indicação de que existe um ‘mercadinho de produtos artesanais’ detrás do mercadão.
“É a primeira vez que visito Manaus e não sabia que vendiam artesanato detrás do mercado”, disse.
Adaptações
O comerciante Ademar Santana, 59, trabalhou durante seis anos dentro do Adolpho Lisboa e mantém viva a esperança de voltar.
“Hoje eu vendo castanha, cupuaçu e tucumã, mas lá dentro eu vendia verduras. Quando nos retiraram de lá, eu tive que procurar pontos na rua para sobreviver”, contou ele.
Ademar disse também que, várias vezes, os fiscais da prefeitura lacraram sua banca e levaram alguns produtos.
“Era horrível, vocês não têm ideia. Você trabalha sob sol e chuva porque está na rua e alguém, em nome da ‘ordem pública’, leva o que você adquiriu com muito esforço. Parecia que estávamos vivendo em um país comunista”, destacou.
Ainda segundo o vendedor, várias adaptações foram feitas para que ele sobrevivesse.
“Fora do mercado municipal, tive que comprar um carrinho de mão, conseguir um guarda-chuva e tentar atrair novos clientes com os meus novos produtos. Não é fácil, enquanto há pessoas que não saem da sua cadeirinha de couro”, desabafou.
publicado no jornal A Crítica
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