Leio no Público:
O Banco Mundial acaba de anunciar a sua escolha através de um comunicado, depois da reunião do conselho executivo da instituição. Jim Yong Kim, médico de 52 anos de origem sul-coreana mas detentor de nacionalidade norte-americana, foi escolhido em detrimento da ministra das Finanças nigeriana, Ngozi Okonjo-Iweala.
Yong Kim contou com o apoio de vários aliados de Washington, sobretudo a Europa ocidental, o Japão, o Canadá e de algumas economias emergentes, como a Rússia, o México e a Coreia do Sul. O novo presidente do Banco Mundial irá iniciar funções em Julho, depois da saída de Robert Zoellick. O mandato é de cinco anos.
Desde que a instituição que concede empréstimos aos países pobres e em vias de desenvolvimento foi criada, há mais de 60 anos, esta foi a primeira vez que o seu conselho executivo teve de fazer uma escolha entre diferentes candidatos.
Até aqui, o nome indicado pelo Governo americano era o escolhido, devido a uma espécie de acordo tácito, firmado no rescaldo da Segunda Guerra Mundial, que reparte entre os EUA e a Europa a liderança do Banco Mundial e do FMI: a presidência do primeiro fica para um americano, a do segundo para um europeu.
Os países emergentes têm criticado este equilíbrio de forças e pedido um processo de eleição transparente e baseado no mérito. Contudo, o peso dos EUA e da Europa dentro destas instituições (juntos, detêm mais de metade dos votos do conselho executivo do Banco Mundial) fez com que, uma vez mais, a escolha final recaísse sobre um americano, e não sobre a candidata nigeriana, que vários países e economistas defendiam como a mais indicada para o cargo.
O médico que “cuida” dos países pobres
O nome de Jim Yong Kim não figurava da lista de potenciais candidatos dos EUA à liderança do Banco Mundial (chegaram a ser falados nomes como o da secretária de Estado Hillary Clinton e do ex-conselheiro económico de Obama, Lawrence Summers), mas a aparente surpresa pode ser, na realidade, o resultado de uma estratégia da administração americana.
Nascido em Seul, na Coreia do Sul, Jim Yong Kim emigrou com a família para os EUA com apenas cinco anos de idade. Cresceu no estado do Iowa, formou-se em medicina na Universidade de Harvard e tirou posteriormente um doutoramento em antropologia.
Especialista reputado no campo da saúde pública, Jim Yong Kim, de 52 anos, envolveu-se desde cedo em estudos e projectos ambiciosos nesta área. Dirigiu o departamento de saúde pública de Harvard e foi director do departamento da Organização Mundial de Saúde sobre a sida, onde implementou programas de prevenção e tratamento do vírus nos países pobres. Nesse cargo, conseguiu fornecer medicação para o tratamento da sida a mais de três milhões de pessoas nos países em desenvolvimento, em apenas quatro anos. A tuberculose foi outra das suas áreas de trabalho.
Em 2003, recebeu a McArthur Fellowship, um prémio que é dado todos os anos nos Estados Unidos a algumas personalidades americanas que mostram “mérito excepcional” no seu trabalho. Em 2009, tornou-se presidente da Universidade de Dartmouth, onde é conhecido por envergar sempre gravatas verdes.
Casado com uma médica e pai de dois filhos, a experiência e fama de Jim King Yong junto dos países pobres foi certamente um dos motivos por detrás da sua escolha para ser o candidato americano. Isso e o facto de ser uma figura fora do tradicional meio político e financeiro, bem como de naturalidade não americana – algo que poderá ter pesado no processo de escolha e conquistado a simpatia de algumas economias emergentes.
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