Chama-se Adora Svitak. Tem 12 anos, vários livros publicados, desenha, participa em conferências de tecnologia, dá palestras entre adultos, ministra aulas a outras crianças, já foi convidada de honra no programa de Oprah, entrevistada em prime time por cadeias de televisão como a CNN e a Fox.e teve direito a cobertura alargada na ABC, numa reportagem com circulou com o impressivo título: Adora teaches Michelle Obama's formal school Whitney Young.
No caso, não fui eu que sequer a descobri. Foi ela quem chegou até mim, através de um texto que publiquei num circulo privado do NING a que pertenço e, pelos vistos, ela também. Percebi que se interessava pelo Haiti e pelas crianças de lá. Enviou-me um link. Segui-o.
À entrada do site, além de descobrir que Adora só tinha 12 anos, dei logo de caras com uma breve epígrafe que quase me travou o pé antes da porta: «child writer prodigy».
Se calhar por causa de uma certa complacência idiota que tende a nos amaciar as azias diante das crianças, ou talvez por aquele irreprimível ímpeto de encontrar argumentos que permitam refutar com fundadas razões aquilo que o entendimento rejeitou logo à partida por instinto, decido-me a entrar. Perco algum tempo por lá, pelo website desta Adora de 12 anos, que por algum motivo – que ainda estou por saber – me estendeu amavelmente o convite à visita. E não, não creio que fosse pelo modesto hit proporcionado pelo meu acesso ou como forma de publicitar a sua página. Uma vez lá percebe-se que há muito ultrapassou essa fase: toda a construção do site deixa perceber uma poderosa máquina de divulgação a apoiá-la, não obstante um certo toque naif que o grafismo se esforça por conservar.
Demoro-me, como digo, algum tempo. Pelo meio percebo subtilezas que me incomodam: o 'embed' dos blogs, para forçar a consulta sem sair do site; uma secção devidamente apetrechada para permitir a encomenda ou a compra directa dos seus livros online; uma perturbadora rúbrica que dá pelo repto de 'Ask Adora'; o repto para uma campanha de solidariedade com as crianças do Haiti (as tais, as mesmas que nos puseram, afinal, em contacto), arquitectada – convenhamos – de acordo com uma lógica, no mínimo, bizarra: por cada pessoa que passar a segui-la no Twitter, explica Adora (ou alguém em seu nome), a menina compromete-se a doar «one penny» à acção que a organização Save the Children traz em campo no Haiti.Porque é que ela faz tanta questão em aumentar o número de seguidores no Twitter, ao ponto de o usar como moeda de troca e estar disposta a pagar por isso, é coisa que não explica.
De perplexidade em perplexidade, chego àquela que, de todas, talvez me tenha impressionado mais: a secção 'Upcoming books', onde se lê impressivamente o seguinte:
Many of Adora's books are still in the planning stage. Her projects in the works include Handy History Facts for Kids, Fun Projects with Microsoft Word and Publisher, collection of poems and another collection of stories.
Please fill out the form below so we can send you the info on the release date
Não bastava tudo o mais, esta Adora, menina-escritora de 12 anos, ainda consegue o 'prodígio' de estar apta a calendarizar as suas próximas publicações em forja. Assim de repente, e ao que me recordo, são raros os escritores que colocam nos seus sites (os que os têm!) algo semelhante.
A pergunta "e agora? próximos projectos?" é, aliás, a última pergunta que alguma vez me ocorreu fazer a alguns dos muitos escritores com que a vida tem feito o favor de me ir cruzando e que, ao longo dos anos, tenho entrevistado. «Próximas obras a publicar?», reconheço, sempre foi o tipo de pergunta absurda que me irrita nas entrevistas das equipas que tenho editado. Aplique-se ela a escritores, músicos, cineastas, actores, ou a qualquer protagonista em processo criativo, qualquer que ele seja. Mais do que entendê-la como um desrespeito para com o autor, perguntar-lhe pelos livros que ainda não há, soa-me invariavelmente como uma desvalorização da própria obra que já existe e está ali para explorar. Muitíssimo mais desinteressante, para ser mais clara. E inconsequente também. Só quem não tem a menor sensibilidade à vulnerabilidade a que o processo criativo, em si mesmo, expõe aquele que se predispõe a criar é que deixa escapar essa noção.
Mas enfim!... Este é já outro assunto. E adiante também, porque são vários e de diferente ordem os assombros que me assaltaram durante a visita a este adorasvitak.com.
Resolvo-me a sair do site. Em vez disso prefiro clicar sobre o vídeo e visitar Adora no Youtube. Mesmo que ainda assim continue sem parecer menina, pelo menos sempre se recorta à milimétrica anatomia do seu site. Prefiro-a assim, mais ao vivo, mais viva. Sempre há um gesto que lhe descompõe a pose, uma perna a 'dar-a-dar' no assento da cadeira. Sempre há um revés de olhar – lá, onde as palavras não falham – que lhe atestam a infância e os 12 anos que se diz que tem.
E, depois do mais, ouvindo-a simplesmente falar... Muito francamente, nem sei que diga. Nem sei que pense.
'Prodígios' à parte... são só 12 anos!
Outras entrevistas: aqui
She’s a precocious learner, TED speaker, published author and teacher of other kids. Twelve-year-old Adora Svitak talked to us for a few minutes about how she ended up at TED, what interests her in technology, and why she likes Twitter.
During her time on the stage at TED, Adora advocated a sort of “Kid’s Rights” sentiment, arguing that adults should take young people more seriously and be more interested in learning from kids to foster a more reciprocal relationship between age groups. She says that because kids tend to be less constrained by social norms than adults as we get older, young people can often offer a unique and perhaps more creative, out-of-the-box approach to problems.
Besides listing the other TED speakers as highlights of the conference, Adora was also excited to get a free Nexus One courtesy of Google and catch up on info about the iPad.
You can follow Adora on Twitter at @adorasv; she’ll donate a penny for each new follower to Save the Children’s Haiti relief effort.
via Mashable
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