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Uma 'chapada' na inércia de Cavaco e o registo de um novo tema sobre a mesa: «agitação social»

Posted: 13 de abr. de 2011 | Publicada por AMC | Etiquetas: , , , ,


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(mais para ouvir AQUI)

O Prof. Adriano Moreira, no Terça à Noite da Rádio Renascença, sobre as urgências do País: «sobretudo nesta situação de crise, o Presidente da República tem que usar da palavra». Com toda a cortesia, foi contundente nas críticas. Especialmente quando avaliou o uso que anteriores presidentes fizeram da palavra no exercício do cargo, deu uma tremenda e muito bem assente 'chapada de luva branca' em Cavaco Silva e nos seus argumentos de «estar limitado nas funções» ou se ver «ultrapassado pelas circunstâncias» para poder intervir.
Este é um ponto importante, na entrevista. Outro é, claramente, o tempo de reflexão que o professor dedica a sublinhar as dificuldades e a pobreza extrema que já se verificam na sociedade portuguesa. Adriano Moreira não manda dizer por ninguém: «a fome não é uma obrigação constitucional» mas nem por isso é menos de recear que conduza à «agitação social» no país.
À noite, Medina Carreira também foi questionado quanto à possibilidade de uma revolta ou "agitação social" e falou sobre o assunto.
Hoje, Otelo Saraiva de Carvalho, por ventura o mais mediático dos Capitães de Abril que fizeram a revolução democrática de 1974, está em destaque na edição online de todos media.
É certo que essa difusão se justifica em parte pelo facto de ter dado uma entrevista à Agência Lusa. É sabido o apetite voraz com que as redacções, cada vez mais magras de jornalistas, devoram as matérias que as agências de notícias disponibilizam em linha. Acontece que o móbil da conversa com a Lusa era o lançamento do livro O dia inicial, onde Otelo relata a 'Revolução dos Cravos' «hora a hora». Ora, sabemos bem que dificilmente um livro bastaria para que Otelo surgisse com tal destaque em todos os sites. Mesmo estando nós em Abril e a dias de celebrar mais um aniversário da efeméride. Em qualquer dos sites, aliás, é preciso avançar na leitura do artigo para se ficar a saber da existência do novo livro. Em todos eles, a conversa com Otelo é puxada ao destaque pela tangente que a parte da entrevista em que fala dessa 'coisa' de fazer «a revolução» traça com a realidade social presente. Também não é por acaso que todos escolhem precisamente a mesma frase para título: «Se soubesse como o País ia ficar, não fazia a revolução».
Otelo vai falando. Garante que não há dia nenhum em que as pessoas que encontra na rua não venham dizer-lhe que Portugal precisava era de outra revolução. Recorda os ideiais de Abril, faz o diagnóstico do presente, conclui que as exigências de igualdade social de 74 estão por cumprir, evoca as diferenças de vencimentos, para melhor o entenderem, e até explica que não é preciso muito para «fazer uma revolução» (texto AQUI e vídeo AQUI, por exemplo).
Registo a coincidência destes três registos - Adriano Moreira, Medina Ferreira e Otelo Saraiva de Carvalho - a pouco mais de 48h dos técnicos do FMI, UE e BCE terem aterrado em Portugal com a promessa de medidas de austeridade ainda mais duras do que aquelas que já sufocam a população. Registo e lembro-me de novo do imenso mural que amanheceu nas paredes dos armazéns, na frente ribeirinha do Tejo. Lembro-me das misteriosas placas apontadas ao centro de Lisboa, a indicarem «Bruxelas» e o «FMI», que ninguém sabe quem colocou, mas que estão o todo o lado, a céu aberto e à vista até de quem não está interessado em ver. Lembro-me e registo. Limito-me a registar.

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