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«Dentro das expectativas»

Posted: 19 de mai. de 2011 | Publicada por por AMC | Etiquetas: , ,

Em Portugal, a evolução dos salários da função pública é um dos mais importantes factores de influência nas negociações salariais do sector privado. A redução de salários da função pública não poderá deixar de ter um forte efeito na moderação salarial no sector privado em 2011 e mesmo nos anos seguintes. 

in Relatório do Orçamento de Estado de 2011

por João Rodrigues *

Aqui está a vitória da economia política da austeridade: “moderação salarial”, ou seja, quebras intensas no poder de compra dos salários. Entretanto, a taxa de desemprego passou de 11,1% para 12,4%, “em parte”, sublinho o “em parte”, devido ao “efeito de alterações introduzidas no modo de recolha e a modificações no questionário do inquérito ao emprego”, diz o INE. A outra parte é o efeito desta austeridade inevitavelmente recessiva. Uma parte que vai ser cada vez mais importante, até porque as alterações à legislação laboral só vão acentuar os efeitos destrutivos da recessão, facilitando novos despedimentos e novas quebras dos salários. O inenarrável Valter Lemos, um personagem só possível numa democracia fortemente degradada, promovido por um partido que perdeu a bússola socialista, que digo eu, a bússola social-democrata, a bússola da decência, tem razão por uma vez: está tudo “dentro das expectativas” do governo. Dentro das expectativas da política económica dos sucessivos PEC e agora da troika. Uma política económica que tem por efeito gerar cada vez mais desemprego e medo na economia, cada vez maiores quebras nos salários e na procura, cada vez mais famílias insolventes, num país que se podia orgulhar de ter das mais baixas taxas de incumprimento no crédito, cada vez mais escolhas trágicas. Uma política para uma economia inviável: com juros superiores a 5% e uma recessão de pelo menos 4% nestes dois anos, só com muito pensamento mágico, com muita aldrabice, é que se pode dizer que a renegociação da dívida é impensável. De resto, esta política de austeridade só é evitável se os cidadãos se mobilizarem contras as troikas e apostarem nas alternativas sensatas disponíveis.


Nota. O gráfico é do Público. A insistência na expressão "ajuda externa" é que já não se percebe.

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