A propósito da passagem por Lisboa de Izabella Teixeira, ministra brasileira do Meio Ambiente

27.05.2011

Aproveitando o final de tarde para dar conta da palestra de Izabella Teixeira em Lisboa na passada 6ª feira, dias após a conferência que também Carlos Minc, seu antecessor na pasta, deu entre nós.
No vídeo, a ministra brasileira do Meio Ambiente trata ela própria de lançar o mote e enquadrar a palestra, nomeadamente anunciando-a como uma «feliz coincidência» por permitir inaugurar, justamente em Lisboa, o arranque do projecto de 'roadshow' que o seu Ministério trará em marcha, como forma de preparação da cimeira Rio+20 e que percorrerá cidades e países engajados com a temática da sustentabilidade e da economia verde.
A partir daí, e porque «o desafio» do convite era para que desse testemunho da forma como o Brasil tem articulado o desenvolvimento económico com as questões ambientais, a ministra focou-se na recente e polémica revisão do Código Florestal – uma legislação que vinha dos anos 40, fez questão de frisar –  e que o Conexão tem acompanhado de perto. Segundo a ministra, o documento demonstra a magnitude das opções estruturantes que o Brasil terá de tomar num futuro próximo: «Ou vamos criar riqueza no curto prazo, à custa do nosso capital natural, ou vamos criar riqueza que possa ser sustentada, respeitando os limites ecológicos e as responsabilidades globais perante a crise climática», sintetizou.
Durante a conferência-almoço em Lisboa do Futuro Sustentável, uma iniciativa do jornal Expresso e do BES, Izabella Teixeira reforçou que a estratégia de desenvolvimento do Brasil passa pelo uso sustentável da natureza, aproveitando a defesa do ambiente para, simultaneamente, ampliar programas que têm permitido retirar cada vez mais brasileiros da pobreza. «Não podemos esquecer as pessoas, pois o Brasil retirou 60 milhões de pessoas da pobreza nos últimos cinco anos. A classe média é hoje de 100 milhões de pessoas, metade da população», explica, a esse propósito, numa entrevista publicada na edição deste sábado do jornal Expresso.
Segundo a ministra, as opções brasileiras para o meio ambiente não podem descurar «a qualidade de vida» da população, nem diminuir «as expectativas de inclusão e de combate à pobreza extrema, que é o maior compromisso da presidente Dilma Rousseff», razão pela qual insiste ma estratégia da "sustentabilidade" como principal instrumento de apoio a esse «combate».
Incontornável foi também a menção ao aumento abrupto do desmatamento no Estado do Mato Grosso entre Março e Abril deste ano. A ministra aproveitou a referência ao disparo de quase 500%  para apresentar o Gabinete de Crise criado e a lógica de articulação dos trabalhos do ministério do Meio Ambiente, Justiça e Defesa na contenção dos crimes contra a floresta amazônica. «Quase mil homens estão a trabalhar nesta acção e acreditamos que em dois meses podemos anunciar a desflorestação zero no Mato Grosso», explicou.
No regresso ao tema da polémica revisão do Código Florestal, Izabella Teixeira deixou dito que é de opinião de que todo o debate «está ainda muito preocupado em corrigir situações do passado», ainda que admitindo serem algumas delas «muito legítimas» e que «devem ser, de facto, corrigidas». Não obstante, em sua opinião «é importante que o Brasil tenha uma lei com uma visão de futuro sobre a economia florestal e sobre a agricultura sustentável». À laia de ressalva, terminou garantindo: «toda a nossa intervenção sempre se deu na perspectiva de qualificar o debate - e assim traduzir a revisão do código florestal - e no efectivo aprimoramento desta norma tão importante para o desenvolvimento sustentável do País».

Reveja aqui a posição da ministra sobre as alterações ao Código Florestal do Brasil:


via Veja (10.07.2010)