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E que tal agir em vez de gritar e espernear??

Posted: 6 de jul. de 2011 | Publicada por por AMC | Etiquetas: , , ,

Ora aí está o que é: mais do mesmo, conforme leio em O Público:

O número dois do Governo espanhol diz esperar que a revisão em baixa [corte do rating português pela agência Moody’s] não vai contaminar Espanha e recusa que a situação do país seja comparável à portuguesa, à grega e mesmo à irlandesa.
Alfredo Pérez Rubalcaba, vice-presidente do executivo de José Luis Zapatero, mostrou-se hoje confiante de que os mercados vão reagir “com sensatez” à situação económica e financeira espanhola, que, frisou, é “radicalmente diferente” daquela dos três países a quem a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional accionaram planos de assistência financeira.
Reagindo ao corte do rating português ontem comunicado pela agência de notação financeira, Rubalcaba insistiu, citado na edição online do El País: “Não somos Portugal, não somos a Grécia, não somos a Irlanda”.
Uma mensagem que reedita as palavras da ministra da Economia e Finanças espanhola, Elena Salgado, que se referira nesses termos às condições económicas e financeiras de Madrid, quando o quando o PEC IV foi chumbado no Parlamento português e levou à demissão do anterior primeiro-ministro, José Sócrates, ainda antes de Portugal pedir assistência financeira a Bruxelas.
Hoje, Rubalcaba frisou que o Governo tem estado “preocupado em fazer o necessário” para não o ser o mesmo que Portugal. “Os mercados têm isso muito claro”.
Também a Grécia considerou hoje desapropriado o corte do rating português, argumentando que a decisão não se baseou em qualquer falhanço na implementação das reformas acordadas no memorando de entendimento assinado entre o anterior Governo português e a troika.
Falando em Berlim, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Stavros Lambridinis, disse mesmo tratar-se de uma “loucura” que só vem agravar a crise da dívida par ao lado de Portugal, cita o site do britânico Telegraph.
 (...)

Espanha está equivocada. A decisão da Moody's de cortar o rating de Portugal demonstra exactamente aquilo que, ainda ontem, escrevi aqui no Conexão. Basta as agências de rating quererem e qualquer país se torna igual a Portugal, à Irlanda e à Grécia.
O presidente Cavaco, o Primeiro-ministro Passos Coelho, o presidente da Comissão Europeia Durão Barroso, a directora do FMI Christine Lagarde, o ministro das Finanças alemão Wolfgang Schäuble, etc, etc, etc, bem podem indignar-se e criticar a decisão da Moody's, alegando que não existe «a mínima justificação» nem «factos novos» que a fundamentem. A questão reside precisamente aí: na arbitrariedade da coisa, na forma como dispensa factos, razões e argumentos. Corta-se o rating porque sim. Basta que as agências o queiram. E está visto que querem. Está visto que essa é uma decisão que já está traçada, faça o país em questão o que fizer, esforce-se o que se esforçar. Inteligente seria, de uma vez por todas, perceber porquê. Eficaz seria, de uma vez por todas, inverter as regras e impedir que a Moody's ou qualquer outra agência de rating continuasse a dar as cartas e a viciar o jogo ao sabor dos seus mal explicados interesses e das suas mais que duvidosas conveniências e serventias.
Muito francamente, esta solidariedade generalizada no reconhecimento da 'injustiça' de que Portugal está a ser alvo, não me diz nada. Enquanto os principais protagonistas se ficarem pelos lamentos nada vai mudar. Nada adiantará. Mais do que lamúrias urgem medidas de resposta à leviandade que deixa campo aberto a este tipo de ataques, como exorta o presidente da CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários) Carlos Tavares. A solução, a única solução, é ser aguerrido e corajoso. É responder em dimensão equivalente à estratégia de extermínio que as agências de rating já montaram para as nações: exigir a sua pronta e imediata extinção, como só o director da Agência das Nações Unidas para o Comércio Mundial e o Desenvolvimento (UNCTAD) Heiner Flassbeck defendeu.
Enquanto assim não for, Espanha, Itália, Reino Unido, Bélgica - até a França - bem podem gritar aos quatro ventos que não são Portugal, como Portugal e a Irlanda já antes gritaram que não eram a Grécia. Terá efeito zero porque basta as agências de rating quererem e qualquer país perde soberania para democraticamente aspirar a ser mais do que o «lixo» a que alguma coisa e alguém previamente as condenou.

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