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Brasil reage ao 'despejo' de euros no mercado por parte do Banco Central Europeu

Posted: 29 de fev. de 2012 | Publicada por por AMC | Etiquetas: , , ,

BC Europeu empresta R$ 1,2 trilhão a 800 bancos

Os bancos tomaram 530 bilhões de euros (R$ 1,2 trilhão) na segunda oferta de financiamentos de três anos do Banco Central Europeu (BCE) nesta quarta-feira, levemente acima das previsões, aumentando as esperanças de que, com mais crédito fluindo para empresas e governos, os custos dos empréstimos vão diminuir ainda mais.
Um total de 800 bancos pegou dinheiro emprestado nessa operação, com a demanda excedendo os 500 bilhões de euros (R$ 1,13 tri) esperados por operadores consultados pela Reuters e bem acima dos 489 bilhões de euros (R$ 1,11 tri) alocados na primeira operação do BCE no final de dezembro.
"Isso aumentará muito o nível de excesso de liquidez, que finalmente está positivo ou muito positivo para operações de risco", disse Luca Cazzulani, do UniCredit. "Os títulos italianos e espanhóis devem se beneficiar disso assim como os mercados de ações."
Os empréstimos de três anos são a última tentativa do BCE para combater a crise da zona do euro.
O presidente do BCE, Mario Draghi, cujo país natal, a Itália, estava no epicentro da crise quando o banco anunciou a medida no final do ano passado, disse que após a primeira das operações, conhecidas como LTROs, "uma grande, grande crise de crédito" havia sido revertida.
Os bancos usaram grande parte do 489 bilhões de euros (R$ 1,11 tri) que pegaram emprestado na primeira vez para cobrir dívidas que estavam vencendo. Draghi os incentivou a emprestar o dinheiro que pegaram na operação desta quarta-feira para famílias e empresas, ajudando a melhorar o crescimento da economia.
Autoridades do BCE esperam que os bancos também usem o dinheiro para comprar títulos de alto rendimento mais agressivamente, especialmente os da Itália.
A evidência preliminar sugere que os bancos, especialmente na Espanha, mas também na Itália, usaram o primeiro LTRO para fazer mais da "operação Sarkozy" -um termo adotado pelos mercados após o presidente da França sugerir que os governos olhassem para o vigor dos bancos com o dinheiro do BCE para comprar os seus títulos.
Os bancos espanhóis compraram 23,1 bilhões de euros (R$ 52,61 bi) de títulos do governo no mês passado e os italianos, 20,6 bilhões de euros (R$ 46,92 bi), ambas altas recordes.

via Reuters

[ACTUALIZAÇÃO]

Ação do BCE deve injetar R$ 800 bilhões em dinheiro novo no sistema

O resultado do leilão de empréstimos promovido pelo Banco Central Europeu (BCE) nesta quarta-feira implica em uma injeção de entre 300 bilhões e 350 bilhões de euros de dinheiro novo nos bancos. Esse é o cálculo da casa de análise britânica Lombard Street Research.
O saldo é bem superior aos 193 bilhões de euros liquidamente alocados no sistema financeiro no primeiro leilão nesse estilo, realizado em dezembro do ano passado.
Na operação de hoje, os bancos tomaram emprestado junto ao BCE 529,53 bilhões de euros em uma oferta de linhas com maturação de três anos. Esse foi o resultado bruto, considerando também operações de refinanciamento.
O leilão atraiu propostas de 800 bancos que operam na zona do euro, bem acima das 523 instituições financeiras que participaram da oferta de dezembro. O salto reflete a flexibilização de garantias necessárias para acessar as operações, com o objetivo de prover suporte também para financiadores de menor porte.
Na visão da LSR, o presidente do BCE, Mario Draghi, preveniu um colapso bancário na zona do euro e, possivelmente, no mundo.
“Para tanto, porém, ele foi forçado a garantir financiamento de médio prazo em troca de garantias de má qualidade – na melhor das descrições – a algumas instituições que estão insolventes”, alerta o economista da consultoria, Jamie Dannhauser, em relatório.
Ele avalia que a ação do BCE em nada melhora as fragilidades estruturais da zona do euro, nem oferece garantias de intenção dos bancos em conceder crédito. Na melhor das hipóteses, segundo Dannhauser, a retomada na confiança do mercado e em ativos de risco tenderia a tornar as instituições mais dispostas a emprestar e, logo, resultando em expansão da atividade. Em troca da evolução do Produto Interno Bruto (PIB), os países poderiam melhorar o perfil de suas dívidas, amenizando o risco soberano na região.
“Muitos bancos, governos, famílias e empresas ao redor da zona do euro estão insolventes. O sistema só tem se mantido pela liquidez oferecida pelo BCE. É um sistema frágil que achamos que poderia ser desestabilizado rapidamente”, observa o economista, que duvida que a melhora recente dos mercados veio para ficar.

via Valor Online

Operação na Europa faz BC intervir no mercado de câmbio

A expectativa de o Brasil receber parte dos 529 bilhões de euros emprestados pelo Banco Central Europeu (BCE) para instituições financeiras forçou uma rodada dupla de intervenções do BC brasileiro ontem no mercado de câmbio local. A operação feita na Europa fez com que o dólar abrisse o dia em firme tendência de queda. Com a moeda na casa do R$ 1,68, o BC voltou a agir. As operações deram resultado e a moeda encerrou os negócios em alta de 0,82%, a R$ 1,7160, maior valor em duas semanas.
Poucas horas após o BCE anunciar que injetou mais de meio trilhão de euros nos bancos, os negócios abriram no Brasil com forte demanda pelo real. O interesse pela moeda brasileira era, segundo analistas, apenas uma amostra da avalanche de recursos que podem ingressar no País na esteira da superinjeção de liquidez nos bancos europeus. Isso porque parte dos recursos emprestados pelo BCE pode rumar para mercados emergentes atrás dos juros.
Para evitar o derretimento das cotações no câmbio brasileiro, o BC anunciou hoje, antes das 10h, uma intervenção no mercado futuro com a oferta de contratos de swap cambial reverso - operação que equivale à compra de dólares. Na operação, o BC comprou o equivalente a US$ 1,52 bilhão. Pouco antes do meio-dia, nova intervenção, desta vez no mercado à vista.
"A tendência é de que o BC fique ainda mais atuante. Acho que a frequência das ações do governo deve voltar ao que era no primeiro semestre do ano passado com, por exemplo, compras mais próximas à frequência diária", diz o economista da Rosenberg & Associados, Rafael Bistafa.
Para o Brasil, o transtorno causado pela operação europeia é que muitos agentes tomam emprestado o dinheiro barato oferecido por Frankfurt para, além de resolver problemas de liquidez, investir em ativos rentáveis, já que o dinheiro extra aumenta a propensão ao risco. Nessa escolha por rentabilidade, aplicações brasileiras têm sido uma opção frequente.
Além disso, em uma segunda etapa, o aumento de dinheiro "sobrando" nas mãos de investidores tende a elevar o preço das commodities, o que também beneficia o ingresso de dólares via valor das exportações, explica Bistafa.
Dados apresentados ontem pelo BC mostram que a entrada de dólares no Brasil em fevereiro, até sexta-feira passada, ultrapassou as saídas em US$ 5,25 bilhões. O movimento das últimas duas semanas, porém, foi inverso: a remessa para o exterior superou o ingresso em US$ 2,37 bilhões. "A superlativa presunção de que estão sobrando dólares e que o BC está em uma queda-de-braço com o mercado para sustentar o preço da moeda perde fundamento quando se verifica essa saída", diz o diretor-executivo da NGO Corretora de Câmbio, Sidnei Nehme.
Operadores, porém, argumentam que a saída recente de dólares coincide com os dias antecedentes e posteriores ao Carnaval. Portanto, o movimento pode ser considerado atípico e boa parte do mercado prevê a retomada do ingresso mais forte de dólares, exatamente como visto no início do mês.

via Agência Estado 

Cf. também: Dilma diz que a crise dos países desenvolvidos não pode canibalizar os emergentes