via Amazon Watch
Entidades ambientalistas devem aproveitar a viagem de Dilma Rousseff a Washington, nos Estados Unidos, para fazerem manifestações de apoio aos movimentos sociais e indígenas e protestar contra as políticas sociais e ambientais do governo brasileiro.
Segundo as entidades Xingu Vivo e Amazon Watch, os manifestantes devem usar cartazes e palavras de ordem que privilegiam slogans como "Reforma agrária já!", "Nenhuma megabarragem na Amazônia!", "Parem de matar activistas!" e "Veta, Dilma!" ou "Veto ao Código Florestal!".
Os manifestantes prometem encontrar-se, em Washington, na American University às 8h30h e no Sheridan Circle às 9h, de onde marcharão para a Embaixada Brasileira. Uma vez no local, unir-se-ão num acto em memória da missionária Dorothy Stang, do ambientalista e líder seringueiro Chico Mendes, dos 19 militantes do MST chacinados em Eldorado dos Carajás e os lideres extrativistas do Pará, José Claúdio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo, todos assassinados durante a luta pela preservação da Natureza.
O objectivo do protesto, segundo a organização, é alertar para os problemas sociais e ambientais no Brasil que, em Junho, sediará a Rio +20, cúpula da ONU para o meio ambiente.
Dilma Rousseff está sob crescente escrutínio por suas politicas ambientais, de direitos humanos e de reforma agrária. Os principais movimentos sociais e sindicais do campo, entidades ambientalistas e de direitos humanos, publicaram recentemente duas cartas manifestando sua preocupação sobre o retrocesso em questões sócio-ambientais [no país]. As principais denúncias incluem o apoio tácito do governo a alterações regressivas no Código Florestal Brasileiro, o atropelamento de direitos humanos para construir a mega-barragem de Belo Monte na Amazônia, a falta de políticas eficazes para promover a reforma agrária e a agricultura sustentável, e a impunidade para atos de violência contra ativistas, camponeses e povos indígenas. A marcha em Washington, DC vai expressar a solidariedade com os movimentos sociais e ativistas de direitos humanos e ambientais no Brasil. Essas organizações da sociedade civil pedem que a administração Rousseff honre compromissos assumidos em sua campanha eleitoral, e evite o embaraço potencial para o Brasil como anfitrião da conferência Rio +20 de não ter uma prática coerente com seu discurso.
publicado Xingu Vivo
[ACTUALIZADA]
Na visita de Dilma, manifestantes relembram mártires da Amazônia
Protesto frente à embaixada do Brasil em Washington. foto:de Felipe Milaneza |
O protesto, segundo os organizadores, tinha quatro motivos: a violência no campo, principalmente na Amazônia; a impunidade dos mandantes e executores desses crimes; as mudanças no Código Florestal brasileiro; a construção de grandes hidrelétricas na Amazônia.
Em meio a bandeiras do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, cartazes estampavam imagens do casal José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, assassinados em 24 de maio de 2011. Estavam ao lado de fotos de Dorothy Stang, Chico Mendes e uma cena do enterro de 19 trabalhadores rurais sem terra mortos no massacre de Eldorado dos Carajás, em 1996.
“A Amazônia e seus povos querem viver. Chega da violência!”. Esta era a frase estampada em uma das faixas.
O tema faz referência a uma situação dramática na Amazônia: o assassinato de lideranças políticas na região. Fotos de Laisa Santos Sampaio e de Nilcilene Miguel de Lima vieram acompanhadas da seguinte frase, pronunciada recentemente pelas ativistas: “Eu quero viver”.
A mesma frase dita por Chico Mendes pouco antes de morrer. Nilcilene está sob proteção da Força Nacional (cujo prazo encerra-se em breve). Laisa, também ameaçada de morte, segue sem qualquer tipo de proteção oficial.
Irmã de Dorothy Stang na homenagem aos mártires da floresta. foto de Felipe Milanez |
Após cumprirem parte da pena, alguns dos envolvidos na morte de Dorothy, como Bida, um dos mandantes, e Fogoió, um dos executores, já estão em liberdade.
Os lemas da mobilização incluíam palavras de ordem socioambiental, contrárias à barragem de Belo Monte (“Stop Belo Monte”), ao Código Florestal em votação na Câmara (“Veta, Dilma!”), assim como “Sem medo de dizer não à bancada ruralista”, e em defesa das populações tradicionais da floresta: “índios, extrativistas e camponeses: doutores da ecologia”.
Miguel Carter, professor na American University, afirmou que o momento atual precisa de uma reflexão. “Não se sabe até quanto tempo poderemos levar essa vida no planeta da forma como levamos hoje. E é preciso ouvir os índios, os povos da Amazônia, os camponeses, pessoas que sabem muito mais de ecologia do que os políticos que estão negociando os acordos internacionais.”
Segundo ele, os povos tradicionais “são verdadeiros doutores da ecologia. Precisamos ter humildade para reconhecer a sabedoria deles, pois temos muito a aprender”.
Zé Cláudio e Maria, homenageados em maio pela ONU como “Heróis da Floresta”, foram destacados por Carter como “heróis pelo movimento de direitos humanos e meio ambiente”.
Protesto contra as obras do governo. Foto: Felipe Milanez |
“Dilma Rousseff está mostrando o Brasil como um país progressista com relação ao meio ambiente, visando a Rio + 20. Mas a situação em campo mostra uma outra realidade, com a construção de grandes hidrelétricas na Amazônia, como Belo Monte; o Código Florestal, caso Dilma venha a ratificar a lei; e, principalmente, com a grave situação de violência na região”, afirmou Miller.
O discurso aconteceu com faixas ao fundo questionando: “Rio-20: cadê os direitos humanos no ‘capitalismo verde’?”.
As organizações presentes lembraram que “o desmatamento triplicou no primeiro trimestre desse ano”. “Junto da floresta, as pessoas da Amazônia estão sendo mortas”, havia dito Laisa em seu discurso na ONU, ao receber o prêmio em homenagem a sua irmã e seu cunhado.
A violência é um dos fatores mais assustadores na Amazônia. A morte do casal de ambientalistas no Pará, menos de um ano atrás, foi seguida pela morte de Adelino Ramos, o Dinho, em Rondônia, na mesma semana. Nessa mesma região onde Dinho denunciava a extração ilegal de madeiras, no dia 30 de março, menos de duas semanas antes da marcha em Washington, Dinhana Nink foi morta por igual razão: denunciar madeireiros ilegais. Nilcilene Lima, líder extrativista, teme ter o mesmo destino.
“Nossa solidariedade, para que essas pessoas que estão longe saibam que estamos junto deles. O governo brasileiro não pode ficar omisso”, diz Carter.
A marcha aconteceu em um lindo dia de primavera na capital americana, com o caminho colorido por flores, especialmente pelas famosas cerejeiras que florescem nessa época do ano.
cartazes dos mártires da floresta. foto de Felipe Milanez |
Tornaram-se justamente o que, em vida, temiam: mártires da Amazônia. “A mesma coisa que fizeram com Chico Mendes, a mesma coisa que fizeram com a irmã Dorothy, querem fazer comigo”, havia declarado Zé Cláudio, no evento TEDXAmazonia, alguns meses antes de sua morte.
Os cartazes com os clamores de vida de Laisa e Nilcilene, “Eu quero viver”, podem representar as centenas de pessoas que estão ameaçadas de morte, em listas discutidas por movimentos sociais com o governo.
A incapacidade do governo de dar a estas pessoas condições de sobrevivência, em um ambiente dominado por medo e terror, faz temer pelo pior.
publicado na Carta Capital
Nesta segunda-feira (09) pela manhã, os Amigos do Movimento dos Sem Terra nos Estados Unidos junto com outras organizações ambientalistas e de direitos humanos promoveram uma marcha até a Embaixada do Brasil em Washington, DC - dia em que a presidenta Dilma Rousseff visita os EUA – para pressioná-la sobre a atual realidade do campo brasileiro. Dentre os pontos de reivindicações, encontra-se a denúncia da paralisação da Reforma Agrária e a exigência do assentamento das famílias acampadas, número este que chega a 186 mil famílias.
Justiça ao massacre de Eldorado dos Carajás, em que 21 Sem Terras foram mortos pela Polícia Militar no município de Eldorado dos Carajás, no Pará, em 1996. Passados 16 anos do episódio, nenhum responsável pelo acontecimento foi condenado. E o veto presidencial ao novo texto do Código Florestal, em trâmite na Câmara dos Deputados, que tem como único objetivo fragilizar a legislação ambiental brasileira.
A marcha de Washington procurou expressar solidariedade aos movimentos sociais e ativistas de direitos humanos e ambientais no Brasil. Além disso, os ativistas também marcharam em memória de mártires que representam a luta camponesa nacional, entre eles a Irmã Dorothy Stang, Chico Mendes, os 21 militantes do MST assassinados em Eldorado dos Carajás, Claudio Zé Ribeiro da Silva e Maria do Espirito Santo.
MST via EcoAgência
Protesto em Washington é só o começo das criticas ao Brasil, avisam ativistas
Na manhã desta segunda, 9, cerca de 100 pessoas participaram, em Washington, EUA, de uma marcha e um protesto contra as políticas anti-ambientais e anti-sociais do governo brasileiro – mudanças no Código Florestal, a hidrelétrica de Belo Monte, paralisação da reforma agrária, e principalmente o abandono das lideranças sociais da Amazônia ameaçadas ou assassinadas em função da luta pela floresta. A manifestação ocorreu no mesmo dia em que a presidente Dilma Rousseff se encontrou com seu colega Barack Obama.
De acordo com Andrew Miller, ativista da ONG Amazon Watch, a marcha recebeu muito apoio dos passantes no trajeto até a embaixada brasileira, onde ocorreu o protesto. “Era hora do rush, 9:30 da manhã, e as pessoas buzinavam e acenavam. Foi ótimo”.
Segundo Miller, os manifestantes resolveram não protestar em frente ao hotel onde Dilma estava hospedada porque não havia informação sobre a agenda da presidente. “Fomos pra frente da embaixada, onde sabíamos que os funcionários veriam o ato; e vários carros oficiais tiveram que atravessar o protesto para entrar ou sair do prédio. Ou seja, temos certeza de que o governo brasileiro tomou conhecimento da manifestação”, explica.
Com várias faixas e cartazes, os manifestantes denunciaram o que consideram políticas perversas do governo brasileiro para a Amazônia e na área ambiental, e prestaram comoventes homenagens às lideranças sociais que foram assassinadas na última década por defenderem a floresta, suas terras e seus direitos.
“Temos duas mensagens importantes para o Brasil: uma é que este ato é só o começo das críticas às políticas ambientais e sociais do país que receberá a Rio + 20. A outra é para os familiares das lideranças assassinadas, como Zé Cláudio e Maria do Espírito Santo (mortos há quase um ano em Nova Ipixuna, no Pará, por lutar contra madeireiros ilegais), e para os povos afetados por Belo Monte: estamos solidários a vocês, nos importamos, vocês não serão esquecidos e as suas causas são as nossas. Como não tivemos acesso à agenda oficial dos presidentes Dilma e Obama, esperamos que a imprensa tenha feito alguns questionamentos. Garanto que fizemos um bom trabalho de divulgação das nossas denúncias e causas”, explica Miller.
Nos cartazes, faixazs e banners, a manifestação em Washington listou denúncias e protestos como:
- Sem Medo de Dizer Não à Bancada Ruralista
- A Amazônia e seus Povos Querem Viver: Chega de Matar Ativistas!
- O Novo Código Florestal: Veta, Dilma!
- Rio-20: Cadê os Direitos Humanos no “Capitali$mo Verde”?
- Brasil Exporta Sangue e Destruição da Amazônia
- Brasil: Proteja a Amazônia – Pare Belo Monte
- Reforma Agrária: Por Justiça Social e Soberania Popular
- A Ordem É Acabar com Latifúndio
- Progresso É Acabar com Trabalho Escravo
via Xingu Vivo
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