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Portugal e Peru: dois domingos eleitorais nos antípodas

Posted: 6 de jun. de 2011 | Publicada por por AMC | Etiquetas: , , , ,

por Miriam Leitão 

Portugal e Peru: duas eleições, lógicas diferentes

São movimentos diferentes os que conduziram o eleitorado em Portugal e no Peru. Em Portugal é a raiva da crise, o desalento com o desemprego, o mesmo movimento que se viu na Espanha. Em Portugal fica mais marcante porque a direita ganha depois de mais de trinta anos de governo socialista. Mas o fato é que neste momento o governo nao tem resposta para a crise, A oposição talvez também não tenha resposta, mas sempre poderá acusar o governo anterior.
No caso do Peru, a se confirmar a eleição de Olanta Humalla a vitória é a vontade de dar um passo adiante. O país estava crescendo forte, mais de 8% no ano passado, e tem mantido taxas altas de crescimento tanto no governo Alejandro Toledo quanto no período que se encerra de Alan Garcia. O problema é que o crescimento não veio acompanhado de avanços importantes na área social. E é isso que os peruanos querem. Humalla que já perdeu várias vezes, ganhou agora porque se distanciou do modelo chavista e prometeu manter as conquists econômicas mas avançando na área social.
Em Portugal foi a raiva o que predominou; no Peru pode ter sido a esperança de avanços.

O desafio dos vencedores no Peru e em Portugal

O mais interessante nas eleições do Peru e de Portugal é a diferença no sentimento dos eleitores que foram às urnas. Em Portugal, é a raiva com a crise, a falta de esperança e de confiança no governo, que não encontrou uma solução para a crise da dívida.
O país cresce pouco, o índice de desemprego é alto e ainda terá de fazer ajuste fiscal forte para receber a ajuda da Europa. Isso representará mais recessão. Portanto, a vitória do conservador Pedro Passos Coelho, do Partido Social Democrata, é um voto contra o governo socialista, que não resolveu a crise. Mas não há solução a curto prazo.
No Peru, é diferente. O país tem crescido muito - no ano passado, avançou 8,7%. A lógica eleitoral é diferente da nossa: por aqui, quando o país está avançando, a vantagem é do partido do governo fazer o seu sucessor.
Os dois candidatos que chegaram no segundo turno - Keiko Fujimori e Ollanta Humama - no Peru eram oposição ao presidente Alan García. E Humala venceu.
Em relação a Keiko, a dúvida era política. O pai dela conduziu o país para uma ditadura de direita. E quem é Humala? Amigo de Chávez, militar que tentou dar um golpe, político radical ou faz a linha paz e amor, produzida pelo publicitário João Santana para a eleição?
Como Lula, ele fez uma carta aos peruanos, dizendo que tinha mudado. Mas colecionou contradições ao longo de sua vida política. A torcida é para que mantenha as conquistas econômicas e faça programas de distribuição de renda eficientes, como foram feitos aqui.
Depois do crescimento, os peruanos querem mais justiça social. É isso que Humala representa nesse momento.

Comentário na CBN: para ouvir aqui

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